Volume 1 - 00 - 99

Capítulo 28 - Imperatriz da Espada Demoníaca (5)

Atualizado em: 02 de abril de 2024 as 13:49

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Acabamos passando a noite na pousada e agora era manhã.

Bem, tecnicamente falando, ainda era noite — meia-noite para ser preciso. Porém, precisávamos estar de pé por volta desta hora se quiséssemos chegar no Clã Tang antes do final do dia.

Sai do quarto enquanto tentava me livrar da sonolência que acompanhava quem acabou de acordar e estava observando as redondezas com um olhar divertido quando Wi Seol-Ah surgiu dos quartos dos servos ao lado.

Ela também parecia ter acabado de acordar, pois ainda estava esfregando os olhos, e então caminhei até ela e dei um peteleco na testa.

— Au!

— Acorda. Se apresse e vá lavar o rosto.

— Isto dóiiiiii…

— Não seja tão melodramática. E que tipo de serva levanta depois de mim?

— As irmãs servas saíram sem me acordar…

— Você precisa acordar sozinha.

— Desculpa…

Após nossa pequena conversa, Wi Seol-Ah desceu as escadas devagar.

Me perguntei quanto tempo levaria até que pudéssemos seguir viagem.

Cerca de duas horas…?

Creak

Me virei na direção da porta que acabou de abrir e descobri que era Namgung Cheonjun.

Ele estava vestido e parecia pronto para partir.

No entanto, franzi a testa quando nossos olhos se encontraram.

Ainda preciso cumprimentá-lo?

Após o que aconteceu ontem, não senti que precisava.

Seu olhar ficou afiado após me ver e abriu a boca, parecendo querer dizer algo.

Entretanto, bem naquele momento, Namgung Biah saiu do quarto.

Para sua aparição, a expressão de Namgung Cheonjun mudou imediatamente. Sua visão mudou instantaneamente para aquele irmão mais velho gentil e amigável que exibiu quando nos conhecemos.

— Jovem Mestre Gu, você já está de pé. Como foi sua noite?

— … Ugh.

Fiquei impressionado após ver a mudança veloz do Namgung Cheonjun. Para onde diabos foi o Namgung Cheonjun que parecia querer me cortar em dois com seu olhar?

Lembrei de repente do Peng Woojin. Pensei que ele era um lunático no começo, mas após ver o Jovem Mestre Namgung na minha frente, me senti um pouco mal por rotulá-lo daquele jeito.

Ele pode ter sido insano, mas, pelo menos, era gente boa.

Este Namgung Cheonjun, por outro lado, era apenas um lunático em seu maior estado.

Namgung Biah inclinou confusa a cabeça para minha resposta e então para o fato de que estávamos juntos. Dos seus olhos, eu podia dizer que ela estava se perguntando o que exatamente estava acontecendo.

— Me encontrei coincidentemente com o Jovem Mestre Gu após acordar. Você parece ter acabado de acordar.

— Ah… Sim…

— Sairemos logo, então é melhor começar a se preparar. Enviarei um servo ao seu quarto.

— … Tudo bem.

Após a pequena conversa, senti que Namgung Cheonjun definitivamente era um profissional em cortar as sentenças. A facilidade que cortou consistentemente sua irmã no meio das sentenças mostrava que não era a primeira vez fazendo isto.

Namgung Biah bocejou e então voltou ao quarto. E a expressão de Namgung Cheonjun mudou de novo no instante que a porta do quarto dela fechou — o olhar afiado que exibiu momentos atrás retornou.

Ele falou.

— O aviso que dei ontem, não esqueça.

E após isso, desceu as escadas.

Enquanto olhava para ele indo embora, me perguntei; o cara conhecido no futuro como Espada Relâmpago sempre foi assim?

Antes que Namgung Biah ficasse louca e eliminasse seu clã, ele havia sido conhecido como um homem que protegeria o mundo como o Lorde de Namgung em nome da justiça.

As pessoas de Namgung com certeza eram loucas; seja seu Lorde ou filhos. A experiência das minhas duas vidas não fez nada além de reafirmar este fato.

Ele está destinado a ser o centro de Namgung quando é assim? Que coisa…

Desci as escadas pouco depois.

Os servos do Clã Gu já estavam reunidos no primeiro andar.

Muyeon, me vendo descer, se aproximou imediatamente.

— Jovem Mestre, gostaria de comer?

— Hm… Não estou com fome…

— Os bolinhos estão muito gostosos.

— Muito bem, comerei.

A palavra “bolinho” parecia ativar algo em mim.

Wi Seol-Ah, que de alguma forma ainda parecia sonolenta, estava deixando as outras servas cuidarem do seu cabelo.

— Seol-Ah tem um ótimo cabelo.

— Não acha que é porque ela é jovem? Também tinha um cabelo bonito quando era jovem…

— Pfff, bonito? Seu cabelo era tão ruim que seu irmão falou que poderia ser usado como esfregão!

— … Oh? Perguntei de onde a cicatriz no seu rosto veio e ele me disse que foi de um gato. Então aquele gato era você, hein?

— O cabelo da Irmã Hongwa é um esfregão?

— Seol-Ah, não aprenda a usar essas palavras ruins!

Elas também pareciam estar envolvidas numa conversa sem sentido, com a Wi Seol-Ah meio sonolenta contribuindo de vez em quando.

Mas… por que ela tem um bolinho na mão? Ela come até enquanto dorme?

Balancei a cabeça para a imagem diante de mim e então segui Muyeon para onde os bolinhos estavam.

Após sentar, agarrei um e mordi…

Delicioso…

Scrape.

Enquanto comia, ouvi uma cadeira sendo arrastada do meu lado. Quando olhei, vi a Namgung Biah. Ela parecia ter se lavado… mas esse não era o problema agora.

Por que está sentando do meu lado!?

— … Acho que você deveria sentar ali, não aqui.

Os membros do Clã Namgung estavam reunidos do outro lado do cômodo, e logicamente, Namgung Biah deveria ter estado lá com eles.

O fato que estava sentada aqui fez o clã de bastardos malucos focarem o olhar em mim, com chamas ameaçadoras jorrando de seus olhos.

Namgung Biah, que parecia alheia à situação, agarrou um bolinho de carne. Um agarrar que interceptei rapidamente com meus pauzinhos.

— Senhorita, este bolinho de carne é meu. Além disso, por que está sentando aqui de novo?

— … Só sentei no lugar mais perto.

— O olhar do seu irmão está prestes a abrir um buraco em mim.

— …?

Namgung Biah mudou o olhar para seu irmão numa tentativa de confirmar minhas palavras, mas tudo que viu foi um sorriso gentil no rosto de camaleão dele.

— Que lunático.

Por que ele está me ameaçando assim? Fiz algo que ofendeu ele?

Namgung Biah voltou o olhar para mim, e podia dizer que estava se perguntando qual era exatamente o problema. Decidi deixá-la em paz.

Mas pare de pegar meus bolinhos, sua vadia idiota…

Me levantei após enfiar o último bolinho na boca.

Namgung Biah permaneceu sentada, um olhar desamparado estava estampado em seu rosto enquanto encarava a tigela onde o último bolinho costumava estar, mas o que ela poderia fazer sobre isto.

Enquanto estava sentada ali, parecendo desolada e decepcionada, Wi Seol-Ah apareceu aleatoriamente com mais bolinhos. Contudo, suspeitava que os bolinhos eram dela.

Foi um espetáculo a ser emoldurado ao ver uma viciada em comida oferecer sua comida a outra pessoa. Particularmente nesta situação em que nenhum indivíduo ficaria satisfeito após comer os bolinhos.

Namgung Biah, vendo o gesto da Wi Seol-Ah, deu um tapinha na cabeça dela e aceitou os bolinhos.

Wi Seol-Ah exibiu um sorriso brilhante em troca e se aproximou para sentar ao meu lado pouco depois.

Ela inclinou a cabeça para mim, buscando tapinhas após fazer o que acreditava ser uma coisa boa.

Dei um peteleco nela no lugar disso.

— Ow!

— Por que está buscando elogios?

— Vovô me falou que é legal oferecer comida a uma pessoa faminta…

— Ela ganharia mais comida do que imagina dos outros mesmo sem você! Agora vá comer mais bolinhos.

— … Tá.

Com uma expressão triste, voltou a ficar com os outros servos, que deram obedientemente mais bolinhos.

Suspirei após tudo isto e tentei fechar os olhos para descansar… Muyeon veio não muito depois.

— Jovem Mestre, parece que sairemos logo.

— Sairemos mais cedo que o esperado. Está tudo pronto para a jornada?

— Sim. Assim que terminarmos nossas refeições, carregaremos as necessidades e guardaremos nas carruagens.

Provavelmente já teria passado do meio-dia quando chegássemos.

Felizmente, ainda estava mais ou menos no cronograma.

— Bem, vamos nos pre—

Quando falei, notei que o foco do Muyeon estava em outro lugar.

Segui seu olhar e vi Namgung Biah encarando a espada dele.

Sigh… Esta garota.

— … Srta. Namgung, já dissemos que não aceitaríamos seu duelo, então pare de encarar. Seu olhar está deixando meu servo desconfortável.

Seguindo minhas palavras, liberei Muyeon, incapaz de continuar a conversa nesta atmosfera.

Muyeon prestou rapidamente os respeitos e desapareceu, aparentemente aliviado por ser dispensado.

— Por que você está tão obcecada com o Muyeon?

Me virei para a Namgung Biah após dispensar Muyeon, meu olhar compreensivelmente irritado.

— Há muitos outros que pode encontrar.

— Ele é um espadachim forte… Sinto que aprenderia muito dele se trocássemos espadas.

— Então vá fazer isso com seu irmão que está me encarando como um maluco.

— Cheonjun é…

Namgung Biah parou naquele momento, me fazendo franzir.

A Espada Relâmpago não deveria ser realmente forte? Atualmente, ele deveria estar acima de Gu Yeonseo e Gu Jeolyub, não sabia sobre o Muyeon, no entanto.

Namgung Cheonjun estava num nível que eu não conseguia espancar, mesmo que usasse a mesma tática que usei contra Gu Jeolyub.

Após pensar neste nível, parei porque percebi algo.

Parando para pensar, Namgung Biah não deveria ser um nome bem-conhecido também?

A Imperatriz da Espada Demoníaca era uma espadachim incompreensível.

Antes de se tornar uma humana demoníaca, já era uma pessoa insanamente forte. Então…

Não tem como seu talento louco pela esgrima não ter florescido ainda.

Não conseguia dizer o nível exato deles, mas tinha certeza de que ela não estaria muito longe do maluco que atualmente estava me encarando com um olhar mortal.

Também havia o fato de que ela recebeu o título de “Imperatriz da Espada Demoníaca”.

Ela já deveria ter espalhado seu nome como uma espadachim forte além da sua idade.

Então… por que não é o caso? Das classificações, ela pelo menos deveria estar entre os Cinco Dragões e Três Fênices.

Tem algo do qual não estou ciente…?

— Eu deveria parar de ser curioso.

— Hã?

— Nada. Aproveite o resto de seus bolinhos, estou saindo.

Me levantei rapidamente e sai. Wi Seol-Ah me seguiu como se estivesse esperando. Ela tinha dois bolinhos em suas mãos e parecia estar prestes a comê-los.

— Você vai comer dois? Você pode ficar doente se continuar comendo assim.

— Um é para você!

— Oh. Que gentil da sua parte.

Caminhamos na direção das carruagens enquanto comíamos os bolinhos juntos.

Meu apetite também parecia estar aumentando, pois Wi Seol-Ah sempre me dava algo para comer.

Eu estava ganhando um pouco de gordura nos quadris… Parecia que eu precisaria aumentar meu treinamento também.

*****

Namgung Biah continuou encarando as costas do garoto e da garota que saíram.

Ela não conseguia tirar os olhos deles.

Por que isso? Ela se perguntou. Porém, já sabia a resposta.

Namgung Biah então percebeu um fedor horrível de repente.

Ela queria cobrir o nariz, mas sabia que não era um cheiro que afastaria só de cobrir o nariz.

— Irmã.

Namgung Biah virou a cabeça lentamente para olhar seu irmãozinho.

Era um fedor espesso. Como seu irmão sempre tinha aquele fedor horrível consigo?

Ela não conseguia descobrir.

Não queria ficar perto de seu pai, anciões e até seu irmão

Seu irmão a tratava com gentileza, mas isso não podia mudar os sentimentos dela.

Ela não sabia dizer se sentia culpa por sua família, ou apenas ódio…

… Eu quero fugir.

Ela queria fugir daquele fedor horrível.

— Todos estamos ali, então por que você sentou aqui?

Namgung Cheonjun perguntou.

“Porque o cheiro é pior quando todos estão reunidos.”

Namgung Biah não podia dizer isso, no entanto.

— … Este lugar era o mais próximo de mim.

— Você pode causar problemas para os outros se agir assim. Venha sentar com a gente da próxima vez.

— Sim… Desculpa.

Ela viu o rosto sorridente de Namgung Cheonjun, mas sentiu-se frustrada.

Eu quero fugir, mas para onde?

Namgung Biah se perguntou. Então, pensou no garoto.

O garoto que encontrou por acaso surpreendentemente não tinha nenhum fedor ao seu redor.

Não havia cheiro nele. Foi a primeira vez que sentiu algo assim.

Ela não conseguia descobrir o motivo pelo qual o garoto ficava irritado com ela por perto e queria manter distância, mas mesmo assim, ela se sentia confortável com ele por perto.

Após ficar com ele, após vivenciar como era não ter que suportar aquele cheiro, achou particularmente difícil de aguentar o fedor vindo do seu irmão.

Ela rapidamente levantou o pé.

— Irmã? Aonde você está indo?

— A carruagem… Estou indo primeiro.

Namgung Biah deixou seu irmãozinho e rapidamente seguiu Gu Yangcheon.

Namgung Cheonjun, que ficou para trás, encarou Namgung Biah, sua expressão mudando lentamente.

Da fachada de irmãozinho gentil e legal, foi para seu rosto frio.

— Qual é o problema?

Crack Crack

Namgung Cheonjun tinha o hábito de estalar os dedos.

Algo estava errado, ele podia ver isto muito bem. Esta coisa nunca aconteceu antes.

— Odeio perturbadores.

O som do estalo parou e Namgung Cheonjun se virou lentamente.

Seus olhos, após se virar, estavam cheios com o desejo de matar.

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