Volume 2

Capítulo 0090: Desejo

Atualizado em: 01 de julho de 2024 as 04:44

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O quarto que a taverneira lhe ofereceu não foi feito para os clientes e Siegfried percebeu isso assim que entrou.

Era pequeno e humilde, com paredes de madeira rústica e uma única janela com cortinas de linho bege desgastadas; tanto a janela quanto as cortinas estavam fechadas por causa da chuva. Havia uma escrivaninha com um castiçal apagado em cima, bem ao lado da porta, além de prateleiras com bonecas artesanais e ervas secas.

No canto do quarto, estava uma cama grande o bastante para dois adultos dormirem lado a lado sem faltar espaço; ou cinco crianças, se ficassem bem espremidas. Ao seu lado, um baú simples de madeira, com algumas peças de roupa jogadas em cima: vestidos, meias e roupas íntimas de todos os tamanhos.

“O quarto das garotas.”

O rapaz ainda estava encharcado por causa da chuva e se sentiu um pouco mal por sujar o piso de lama e água; a taverneira não reclamou, mas se apressou em correr até o baú e lhe entregar uma toalha, enquanto perguntava:

— Que horas o senhor vai querer que eu o acorde, sor?

— Vamos partir à primeira luz do sol. Pode me acordar uma hora antes.

— Uma hora antes do amanhecer. Como quiser.

E foi embora.

Siegfried colocou o baú com a sua armadura no chão e então tirou as roupas encharcadas, que faziam um barulho de ‘plash’ sempre que batiam no assoalho de madeira. Estava terminando de se secar, quando ouviu alguns sussurros vindos por detrás da porta e sombras se movendo por baixo dela.

O rapaz se apressou em pegar a espada, mas assim que abriu a porta, quatro garotas caíram para dentro do quarto; Lydia era uma delas e as outras deviam ser suas irmãs mais velhas, com onze, quatorze e dezessete anos. Todas muito parecidas, com cabelos negros e um pouco altas.

— O que estão fazendo? — perguntou Siegfried.

Nenhuma delas respondeu, ao invés disso, continuaram deitadas de bruços uma por cima da outra, olhando para ele como se nunca tivessem visto um garoto na vida. As duas mais velhas de rostos corados e as mais novas agindo como se fosse algum tipo de brincadeira divertida.

— A-a gente não tava espiando! — disse a garota de onze anos.

— Viemos tirar suas roupas! — completou a mais velha. — D-digo, levar suas roupas. As molhadas, quero dizer. P-pra secar.

— Isso! — concordaram todas, com seus melhores sorrisos falsos.

Siegfried deixou que elas levassem suas roupas molhadas e então fechou a porta, mas ouviu as irmãs aos risinhos enquanto iam embora pelo corredor. Ignorou isso e vestiu as roupas secas que trouxe.

O colchão da cama era forrado de palha e estava um pouco afundado pelo uso, mas assim que se deitou, sentiu suas costas estalarem e um alívio percorreu-lhe o corpo. Não sabia o quão cansado estava até então.

Fechou os olhos e caiu no sono.

Dormiu por quase uma hora, embora parecesse ter sido não mais que um piscar de olhos até que voltou a acordar. Seu coração batendo tão rápido que o peito doía sempre que tentava respirar. A mão firmemente presa em volta do cabo da espada. Mas quando olhou ao redor, o quarto estava vazio.

“Um sonho”, disse a si mesmo, mas não se lembrava do que sonhara. Olhos vermelhos na escuridão. Nada além disso.

Alguém bateu na porta e o rapaz levantou para ir abrir. Ainda tinha o coração acelerado e o sangue fervendo quando viu a filha mais velha da taverneira esperando por ele no corredor.

A garota corou e começou a dizer algo, mas ele não conseguia entender. Era como se os seus ouvidos estivessem cheios de algodão e as palavras dela não o alcançassem.

Ao invés disso, prestou atenção no seu vestido; um tecido de algodão fino que parecia pequeno demais para o corpo de mulher dela. Apertado nos seios e justo na cintura, como se estivesse usando a roupa de uma das suas irmãs mais novas.

“Toma ela”, sussurrou a voz. O rapaz hesitou e a voz sentiu isso. “Por que acha que ela veio até o seu quarto no meio da noite, imbecil? Ela quer!”

“Meu voto…”

“Qual deles? O que fez à Lura ou à Dara? Se te faz sentir melhor, pode jurar casar com essa daí também. O que é mais um voto quebrado, não é mesmo?”

“Eu não sou assim.”

“Tem razão, é pior. Muito pior. É um assassino e um perjuro. Matou mulheres, crianças e homens desarmados. Traiu Eradan e sua preciosa Lura. Me diga, existe algum voto que você não tenha quebrado?”

“Cala boca.”

“Foi o que eu pensei. Você é um fraco.”

“Cala boca!”

“Suas promessas valem menos que o cu de uma rameira e sua honra tem gosto de mijo. Você não vale nada! Não passa de um mercenário brincando de cavaleiro.”

— Cala boca! — disse Siegfried e tanto a voz como a filha da taverneira se calaram.

Por um momento, ele não fez nada, mas quando percebeu que a voz não voltaria, puxou a garota para dentro do quarto e fechou a porta. Ela abriu a boca para dizer algo, mas Siegfried a puxou pela cintura, peito com peito, e a beijou. Os lábios da garota se abriram para deixar a sua língua entrar e o rapaz sentiu o leve gosto de cerveja que ela havia tomado antes de vir até ele.

Quando terminou, o rosto dela estava vermelho como um tomate e parecia perdida.

“Ela nunca foi beijada antes”, notou.

A garota não sabia o que fazer, mas ele sim, por isso pegou ela no colo e a pôs na cama. Ela não resistiu, nem disse nada, apenas o observou em silêncio, mesmo quando o rapaz arrancou o seu vestido e abriu suas pernas.

Então tirou a camisa e se inclinou por cima dela, voltando a provar seus lábios.

Quando apalpou seus seios, a garota gemeu baixinho e estremeceu ao sentir a mão dele descer até o meio das suas pernas. Mal tinha deslizado os dedos para dentro dela e a garota já estava gozando.

Então ficou de joelhos em cima da cama, parado entre as pernas abertas da garota, que tremia e erguia o quadril no ar, como que procurando por ele, embora seus olhos estivessem fechados.

“O que é mais um voto quebrado, não é mesmo?”, as palavras vieram do nada e ficaram presas em sua mente.

Terminou de tirar as calças e então estavam ambos nus, embora nem soubessem o nome um do outro. Os quadris dela encontraram os dele e a garota estremeceu novamente quando sentiu seu pênis.

“Não passa de um mercenário brincando de cavaleiro.”

Tinha o coração acelerado e podia sentir a raiva crescendo dentro dele, como uma chama presa bem lá no fundo. Queria sentir outra coisa e a resposta estava bem na sua frente, mas hesitou. Não sabia dizer por quem.

E a voz também sentiu isso…

“Acha que isso vai limpar a sua honra? O que foi feito não pode ser desfeito. Pode dar a ela a melhor noite de sua vida… Ou não. Não importa. Amanhã, quando o sol nascer, ainda será um perjuro.”

Siegfried sentiu a garota empurrando os quadris nele e seu coração disparou quando ouviu a voz dela o chamando:

— Senhor? Algum problema?

Ele se inclinou por cima dela; a respiração pesada e o peito a ponto de explodir.

Deviam parar e sabia disso, mas queria sentir o gosto dela uma última vez, por isso deu-lhe o beijo úmido mais longo de sua vida. Quando acabou, os dois estavam sem fôlego, então se afastou um pouco para respirar. Foi quando viu. O rosto da garota estava pálido como um cadáver e tinha a boca aberta, embora não parecesse capaz de encontrar as palavras.

— O que foi? — perguntou Siegfried.

Ela não respondeu, ao invés disso, se limitou a observá-lo com terror e o rapaz temeu que talvez a tivesse machucado sem notar, mas não havia sangue nela. Não estava ferida.

Siegfried se levantou da cama e ela se escondeu debaixo dos lençóis, cobrindo a nudez, mas não o rosto. Seus olhos não pareciam capazes de o deixar, então o rapaz foi até a escrivaninha, onde pegou um espelho de mão e viu o motivo dela ter se assustado.

Seus olhos sempre foram castanhos, mas agora estavam escarlates. A íris dos seus olhos tinham assumido um tom de vermelho muito vivo, que brilhava de forma anormal, como se estivessem em chamas. Quanto mais olhava, mais vibrantes pareciam.

Até que algo no espelho o olhou de volta e ele o deixou cair no chão.

— O que é você? — perguntou a garota, por fim encontrando a sua voz.

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