Livro 1

Capítulo 06 - Enquanto esperavam a chuva passar.

Atualizado em: 14 de maio de 2024 as 16:45

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Na mesma época em que nasceu o Príncipe Encantado no Reino Elísio havia um vilarejo de humanos em uma terra bem distante. Era um lugar muito frio.

No Reino dos Deuses havia um deus chamado Aquilon, conhecido por sua bondade, que vivia naquele reino celestial distante. Gostava de andar pelos corredores de seu templo com uma armadura prateada.

Esse deus observava a Terra de vez em quando, e em uma dessas observações, notou um homem daquele simples vilarejo humano muito frio.

O homem se destacava dos outros por sua beleza interior e exterior, e o deus ficou encantado por ele. Ele decidiu descer à Terra e encontrar o homem, para conhecê-lo melhor. Quando os dois se encontraram, o homem ficou inicialmente assustado, mas a gentileza e bondade do deus o acalmaram. Aos poucos, eles começaram a se conhecer melhor, conversando sobre suas vidas e experiências.

O deus ficou ainda mais fascinado pelo homem, que mostrou uma grande sabedoria e compaixão. Com o tempo, os sentimentos entre os dois se avolumaram. O deus admirava a humanidade e o amor do homem pela vida, enquanto o homem se sentia atraído pela beleza, sabedoria e gentileza do deus. Em um momento de coragem, o homem confessou seus sentimentos pelo deus, que respondeu que também sentia o mesmo. Então eles se uniram em amor, compartilhando momentos de intimidade e cumplicidade. O amor entre o deus e o homem cresceu a cada dia, e eles ficaram cada vez mais unidos.

O deus ensinou o homem mais sobre o universo e a existência, enquanto o homem mostrou ao deus a beleza da vida na Terra. No final, eles entenderam que o amor não tem fronteiras ou barreiras, e que o que importa é o que se sente no coração. Certa vez o deus manifestou o seu desejo de ter um filho que pudesse combater os males que ameaçavam o mundo. Seu amante mortal manifestou o mesmo desejo então o deus com seu poder divino colocou no ventre de seu amado um feto da união de suas carnes. Assim, nove meses depois, nasceu o filho do deus com o mortal que chamaram de Tammuz. Mas isso não era bem visto pelo mundo celestial.

Por infringir as normas celestiais o deus fora proibido de retornar à Terra. Desde o nascimento, a criança era diferente das outras. Seu cabelo e olhos brilhavam como ouro, e ele crescia mais rápido e mais forte do que qualquer outro bebê. Quando tinha apenas cinco anos, já era capaz de carregar um escudo e uma espada com facilidade.

O pai mortal criou o menino com amor e cuidado, mas sempre soube que ele era especial e destinado a grandes coisas. Ele o ensinou a lutar, caçar e navegar, e falou sobre as lendas dos antepassados heróicos da família. Mas ele também sabia que não poderia protegê-lo para sempre. Quando o menino tinha 15 anos, o deus apareceu para ele em um sonho e revelou sua verdadeira identidade e propósito. Ele explicou que o menino era seu filho e que havia sido escolhido para se tornar um cavaleiro de dragão, um guerreiro sagrado que monta um dragão divino e protege o mundo dos monstros e da escuridão.

O jovem ficou radiante de alegria e empolgado com a perspectiva de se tornar um cavaleiro de dragão, mas também um pouco assustado com a responsabilidade e os perigos que viriam com isso. O deus lhe deu um amuleto mágico que o protegeria dos males e o guiaria em sua jornada, e lhe disse para procurar um velho sábio que o treinaria nas artes da cavalaria dracónica e do combate. O menino partiu em uma jornada épica para encontrar o sábio, enfrentando muitos desafios e perigos no caminho.

Quando finalmente chegou ao seu destino, foi acolhido pelo velho mestre e começou a treinar intensamente em artes marciais, magia, alquimia e sabedoria. Ele também conheceu outros jovens cavaleiros em treinamento e fez amizades duradouras com eles. Após anos de treinamento árduo e provações, o jovem se tornou um cavaleiro de dragão completo e em sua formatura recebeu a runa dourada símbolo dos cavaleiros de dragão que usou sobre a cabeça durante toda a cerimônia.

Ele montou em um dragão divino de fogo chamado Ignis e liderou as fileiras dos cavaleiros, combatendo monstros e protegendo o mundo das forças da escuridão. Ainda jovem ele honrou seu pai divino e seu pai mortal, tornando-se uma lenda viva e um modelo para as gerações futuras.

Seu pai mortal, sentia muito orgulho de seu filho e o admirava por sua coragem e determinação. Seu pai Aquilon, o deus imortal, que governava sobre os céus e os raios, também o admirava por sua força e habilidades únicas. No entanto, apesar de seu orgulho, ambos os pais começaram a sentir-se preocupados com a vida que seu filho levava. Ele passava a maior parte do tempo em batalhas e aventuras, sempre lutando contra inimigos poderosos e enfrentando desafios arriscados.

Eles começaram a querer que seu filho pudesse experimentar a vida de uma forma mais simples e aproveitar os prazeres singelos da existência. O deus infringiu novamente as regras celestiais e manifestou-se na terra em forma de uma imagem quando então teve uma longa conversa com o homem que há tempos fora seu amante e pai de seu filho. E foi assim que os pais do cavaleiro de dragão se uniram para aconselhá-lo.

Eles pediram que ele deixasse sua vida de batalhas para trás e começasse a viver mais pacificamente, explorando o mundo ao lado de seu dragão. O deus deu ao cavaleiro de dragão uma espada mágica como um presente para que ele pudesse se proteger em caso de emergência, já que agora em diante ele estaria sozinho longe de seus parceiros de batalhas.-– Não existe na Terra poder mágico maior do que o contido nesta espada.

– Ela poderá protegê-lo de qualquer mal existente nesse mundo. – Disse o Deus. – Além disso, vou deixar com você meu grifo de estimação, ele será fundido ao seu dragão divino formando um grifo-dragão.

Dizendo isso o deus usou seu poder celestial para trazer seu grifo até o mundo da Terra. Em seguida fundiu-o em pleno ar com o dragão do cavaleiro.- Esse grifo-dragão poderá alterar a cor de sua pele e penas de acordo com o ambiente em que estiver, se ele estiver sobre uma montanha cinzenta sua tonalidade será cinzenta.

- Se estiver voando em meio a nuvens bejes, – continuou o deus. – todo seu corpo assumirá um tom beje. Mas se desejar que ele assuma qualquer outra cor é só pensar ela e pronunciar em voz alta.

Aquilon, contudo, explicou-lhe que não o acompanharia mais em sua jornada. Que dali para frente ele viveria sua vida como de um mortal comum e o deus em nada interviria. O seu pai humano aproximou-se do jovem cavaleiro de dragão e o presenteou com um pingente onde tinha uma runa de proteção colocando o pingente ele mesmo no pescoço de seu filho.

O cavaleiro de grifo-dragão não sabia ao certo o que pensar sobre essa mudança de vida. Ele amava a emoção das batalhas e a sensação de vitória que sentia quando vencia um desafio. No entanto, ele também amava seus pais e queria fazê-los felizes. Então, ele concordou com o desejo deles e decidiu deixar sua vida de batalhas para trás. O cavaleiro de grifo-dragão e seu grifo-dragão partiram em uma jornada de descoberta pelo mundo.

Eles voavam pelos céus, explorando terras distantes e apreciando a beleza da natureza. Eles se divertiam ao conhecer novas pessoas e experimentar novos sabores. O cavaleiro de grifo-dragão descobriu que havia muito mais para a vida do que batalhas e aventuras. Com o tempo, o cavaleiro de grifo-dragão se tornou mais feliz e realizado do que jamais havia sido antes.

Ele descobriu que a vida poderia ser bela e emocionante de muitas maneiras diferentes, e ele agradecia a seus pais por lhe terem mostrado isso. A espada mágica permanecia em sua bainha a maior parte do tempo; ele sabia que, se precisasse usá-la, ela estaria lá para ajudá-lo em caso de necessidade. Tammuz adorava a sensação de liberdade que tinha enquanto voava em seu grifo-dragão, sentindo o vento em seus cabelos e o sol em seu rosto.

O cavaleiro de grifo-dragão montado em seu majestoso grifo-dragão alçou voo em direção ao Reino Elísio, era um reino distante de que ouvira falar cheio de belezas e maravilhas. O vento batia em seu rosto e fazia sua capa e cabelos voarem para trás, enquanto o grifo-dragão batia suas asas poderosas em um ritmo perfeito. Ao olhar para baixo, o cavaleiro podia ver as florestas exuberantes, os rios cristalinos e os campos verdes, tudo sob a luz do sol dourado que refletia na superfície. As montanhas majestosas se elevavam no horizonte e pareciam tocar o céu.

O cavaleiro se sentia pequeno em comparação com a grandiosidade do Reino Elísio, mas ao mesmo tempo, sentia-se livre e empoderado. À medida que voavam mais alto, as cores do reino começavam a mudar. O azul do céu se tornava mais profundo, e as nuvens brancas e fofas passavam ao lado do grifo-dragão como se fossem uma massa macia de algodão. O cavaleiro sentiu uma paz profunda enquanto apreciava a beleza e a tranquilidade do céu.

De repente, o grifo-dragão mergulhou em direção ao chão criando um turbilhão em seu caminho enquanto deslizava sobre as nuvens como se fossem suaves colchões brancos. Quando as nuvens ficaram para trás, avistaram um palácio onde havia uma torre majestosa. Curioso, o cavaleiro ordenou que o grifo-dragão se aproximasse para ver melhor. Enquanto se aproximavam, o cavaleiro avistou um belo príncipe que estava naquela torre observando o céu com admiração. O olhar do príncipe cruzou com o do cavaleiro, e ambos ficaram instantaneamente cativados um pelo outro.

O cavaleiro sentiu uma emoção indescritível que nunca havia sentido antes. Seu coração batia forte, sua respiração ficou ofegante, e seus olhos brilhavam com uma paixão arrebatadora. O príncipe Ashur, por sua vez, ficou deslumbrado com a beleza e a força do cavaleiro de grifo-dragão voando nas costas do seu leal companheiro. Ele não conseguia desviar o olhar do cavaleiro, e seu coração começou a bater mais rápido com a emoção do momento. Apesar do encantamento mútuo, o cavaleiro de grifo-dragão cruzou o céu se afastando da torre, mas tentava mesmo afastar-se dos sentimentos que surgiram em seu coração.

Sempre desejou ser livre, mas agora aquele sentimento parecia aprisioná-lo a algo, ou melhor, a alguém, isso o deixou amedrontado e então partiu. Ele se afastou do palácio, deixando o príncipe suspirando de amor e desejo pelo jovem cavaleiro que tinha visto voando pelo céu. Enquanto o cavaleiro seguia em frente, com o vento batendo em seu rosto e o grifo-dragão navegando harmoniosamente entre os ventos, ele se perguntava se algum dia voltaria a ver o belo príncipe.

E mesmo que não pudesse ficar ao lado do príncipe, ele guardaria sempre a imagem dele em seu coração, deu um suspiro e teve a mais absoluta certeza disso.

Certa vez o cavaleiro de grifo-dragão recebeu um pedido daquele Reino Elísio que conhecera para comparecer ao castelo. O cavaleiro não podia recusar o pedido de uma realeza então montou em seu grifo-dragão e voou até aquele reino com o coração apertado, mas ao mesmo tempo feliz. No Reino Elísio, depois do almoço, Ashur foi até uma varanda apreciar a paisagem verdejante da floresta encantada. Vestia uma blusa branca de linho parcialmente desabotoada.

Era hora de se preparar, pois em poucas horas seu convidado chegaria. Foi até a piscina de ervas aromáticas e banhou-se em suas águas rejuvelhcedoras.

Depois do banho em ervas de cheiro fez a barba e vestiu uma túnica azul confortável e ficou observando o céu ansioso pela chegada do cavaleiro de grifo-dragão. Era uma tarde ensolarada quando o cavaleiro de grifo-dragão chegou ao castelo do príncipe. O cavaleiro desceu do dorso de seu grifo-dragão, e o animal se ajeitou com elegância, mostrando seus imponentes dentes brancos. O cavaleiro, alto e atlético, vestia uma túnica branca que esvoaçava ao vento.

Ao se apresentar ao príncipe, o cavaleiro notou que ele era ainda mais bonito do que havia visto lá do alto. O cavaleiro tinha olhos verdes como esmeraldas e cabelos dourados que brilhavam sob o sol, o príncipe o cumprimentou com um sorriso tímido.O cavaleiro mostrou ao príncipe seu grifo-dragão, e juntos, os três caminharam pelos jardins do palácio. O cavaleiro contou histórias de suas aventuras com o grifo-dragão, e o príncipe ouviu atentamente, fascinado pelo espírito aventureiro do cavaleiro.

O grifo-dragão afastou-se do casal para deixá-los mais próximos, seguiu um corredor de colunas dóricas e subiu uma escadinha que o levava para um corredor cercado de um muro de plantas verdes artisticamente podadas. Ali ele esticou magicamente seu corpo em direção ao céu mesclando sua tonalidade com as cores das nuvens. Um dos serviçais do castelo o seguia para satisfazê-lo em suas necessidades, caso precisasse.

O Grifo-dragão quase levantou voo, mas lembrou-se de seu compromisso com o seu cavaleiro, então reduziu magicamente seu corpo e alterou sua cor para um tom amarronzado escuro. Depois foi até o jardim e ficou encima de uma moita florida aguardando seu mestre.

Enquanto o casal andava pelo jardim, o cavaleiro sentia seu coração bater mais rápido, pois estava encantado com a presença do príncipe. Sentia uma forte conexão com ele, como se já se conhecessem há muito tempo. O sol brilhava radiante no céu azul, enquanto o príncipe e o cavaleiro caminhavam pelos jardins floridos do castelo.

Eles conversavam alegremente, compartilhando seus gostos, sonhos e ambições. A cada palavra trocada, o amor e a afetuosidade entre eles pareciam crescer ainda mais. De repente, o cavaleiro parou de caminhar e olhou nos olhos do príncipe. Seus olhares se cruzaram e tudo ao redor parecia desaparecer. O coração do príncipe começou a bater mais rápido quando o cavaleiro se aproximou lentamente. Seus lábios se encontraram num beijo terno e apaixonado, como se fossem feitos um para o outro.

O príncipe se sentiu envolvido pelo amor do cavaleiro, um amor que ele nunca havia sentido antes. Ele se entregou ao beijo e aos sentimentos que o tomavam por completo. Os braços do cavaleiro o envolveram num abraço apertado, enquanto eles se beijavam com intensidade. O beijo terminou, mas o amor e a afetuosidade permaneceram entre eles. O príncipe e o cavaleiro caminharam de mãos dadas pelos jardins, sentindo a brisa suave no rosto e o perfume das flores no ar.

O restante da tarde passou rápida, quando o sol já estava se pondo ouviram o grifo-dragão emitir um som agudo e penetrante que ecoou por todo o jardim, e o cavaleiro percebeu então que uma tempestade se aproximava. O príncipe sugeriu que fossem para dentro do palácio, e os dois correram para se abrigar da chuva que já se iniciava. Foram até um aposento particular do príncipe onde havia uma lareira acesa.

Enquanto esperavam a chuva passar, o príncipe pegou algumas cerejas e uma taça com haste dourada. A taça possuía uma tampa abobadada toda dourada, que apresentava uma esfera dourada para segurar ao levantar a tampa. No interior da taça, havia néctar de groselha vermelha. O príncipe utilizou um espeto de madeira para fisgar uma cereja e mergulhá-la no néctar de groselha levando-a elegantemente à boca. Em seguida, o cavaleiro repetiu o gesto.

Ashur, então, pegou uma bela garrafa de vinho proveniente da vinícola onde fadas operárias fabricavam esse néctar carmim. A garrafa ostentava o brasão da família proprietária do vinhedo de onde provinham as uvas utilizadas para a produção do vinho. O litro de vinho era forrado com uma capa dourada exclusivamente feita para a família real.

O príncipe encheu duas taças de vinho e ofereceu uma ao cavaleiro.

Os dois brindaram e beberam juntos, e o cavaleiro sentiu uma estranha emoção dentro de si. Ele nunca havia se sentido assim antes, e percebeu que estava se apaixonando verdadeiramente pelo príncipe. Enquanto isso a lareira emitia estalos e crepitações suaves. A lareira ficava do lado de uma parede de vidro transparente através da qual se podia ver uma propriedade particular do Reino Elísio num plano de fundo, era um belo castelo chamuscado pelos últimos raios do sol poente. Na parede onde estava a lareira, havia várias inscrições em runas num tom prateado-escuro.

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